26 setembro, 2024

Falem bem ou falem mal mas falem do cinema nacional - O pastor e o guerrilheiro

 


O filme "O Pastor e o Guerrilheiro", dirigido por José Eduardo Belmonte, nos convida a uma profunda reflexão sobre a história do Brasil, mais especificamente sobre os traumas deixados pela ditadura militar. A trama, que se desenrola em diferentes épocas, entrelaça as histórias de personagens que, apesar de trajetórias distintas, se encontram conectados por um passado marcado pela violência e pela opressão.

Na década de 1960, acompanhamos João, um jovem idealista que se junta à guerrilha na Amazônia, e Zaqueu, um pastor evangélico preso injustamente. Ambos se encontram na prisão, onde a ideologia e a fé se confrontam, mas também se complementam. A amizade que nasce entre eles, forjada no sofrimento e na esperança, cria um vínculo que transcende as diferenças.

Já nos anos 1990, conhecemos Juliana, filha ilegítima de um coronel que se suicida. Ao descobrir que seu pai foi um dos responsáveis pelas torturas sofridas por presos políticos, ela inicia uma jornada em busca da verdade e da justiça. É através de um antigo diário que Juliana se depara com a história de João e Zaqueu, e com a promessa de um encontro marcado para o ano 2000.

O filme de Belmonte é uma obra que nos emociona e nos provoca. Ao retratar as consequências da ditadura militar, ele nos mostra como as feridas do passado continuam abertas e como a busca por verdade e justiça é um processo doloroso e complexo. A direção impecável, as atuações convincentes e a fotografia cuidadosa contribuem para criar uma atmosfera densa e envolvente.

"O Pastor e o Guerrilheiro" é um filme que nos convida a refletir sobre o nosso passado e sobre a importância da memória. Ao mostrar como a história de um país se constrói a partir das experiências individuais, o filme nos faz questionar o nosso papel na sociedade e a nossa responsabilidade em relação às gerações futuras.

É um filme que nos lembra que, mesmo em meio às maiores adversidades, a esperança e a solidariedade podem prevalecer. A amizade entre João e Zaqueu é um exemplo inspirador de como a fé e a compaixão podem superar as diferenças ideológicas e religiosas.

Em suma, "O Pastor e o Guerrilheiro" é um filme essencial para quem busca compreender a história do Brasil e os desafios que enfrentamos como sociedade. É uma obra que nos emociona, nos provoca e nos faz pensar.

13 setembro, 2024

Falem bem ou falem mal mas falem do cinema nacional - Nosso sonho (Claudinho e Buchecha)



Na selva de concreto do entretenimento nacional, um filme chega para dar aquela sacudida nos espectadores e deixar a concorrência com cara de "ainda em pré-produção". Estamos falando de "Nosso Sonho", a cinebiografia que nos transporta para a era dourada dos anos 90, quando Claudinho e Buchecha eram a sensação do funk e não havia playlist sem um "Nosso sonho". A produção traz um frescor nostálgico e, ao mesmo tempo, uma série de cenas que fazem você se perguntar: "Ué, será que eu estava sonhando ou isso realmente aconteceu?".

O filme abre com uma sequência digna de clímax musical: Claudinho e Buchecha cantando e dançando como se não houvesse amanhã. É como se o diretor quisesse deixar claro logo de cara que a história desses dois ícones é uma verdadeira montanha-russa emocional, com direito a altos e baixos que fariam qualquer montanha-russa de parque de diversões parecer um passeio de carrossel. O ritmo frenético  garante que até os mais céticos acabem batendo o pé e cantando junto, mesmo que o último "Quero te encontrar" tenha sido um pouco antes da virada do milênio.

A produção não economiza em detalhes. Cada cena é meticulosamente montada para capturar a essência dos anos 90, desde o estilo de cabelo até a moda extravagante. É um verdadeiro desfile de tendências que fazem você se perguntar se, por um breve momento, o estilo camisa de jogo de hokey e boné voltou a ser uma tendência. O figurino é tão emblemático que você quase espera encontrar alguém fazendo o passinho da mão como eles faziam.

E não podemos esquecer dos momentos mais profundos e emocionantes. Afinal, a trajetória de Claudinho e Buchecha não é apenas sobre festas e sucessos musicais, mas também sobre desafios e superações. Aqui, o roteiro mergulha de cabeça nas dificuldades pessoais e profissionais enfrentadas pelos protagonistas. É quase um "Vai que Cola" com pitadas de drama e uma boa dose de humor, ressalto a discussão para manter a palavra "adjudicar" na letra.

Mas o verdadeiro trunfo do filme é a forma como ele lida com a nostalgia. Ele não é apenas uma viagem ao passado, mas uma celebração vibrante da influência cultural que Claudinho e Buchecha tiveram na música brasileira. É um lembrete de que, mesmo com as mudanças de tendência e os novos ídolos do momento, a influência desses dois não se apagou. Ao contrário, ela continua brilhando, como uma luz de neon que nunca se apaga.

Assistam. Vale a pena!

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