08 maio, 2025

Vem aí o CINE PENSAR - Um olhar quilombola sobre o Brasil

 


O cine Lobeira voltou em 2025 com tudo. Um projeto diferente para levar o cinema e cultura para a população de valparaiso.

"Cine Lobeira Apresenta: Cine Pensar – Um Olhar Quilombola sobre o Brasil" promete ser uma experiência cultural rica e diversa.


📅 Data: 17 de maio

⏰ Horário: A partir das 14h

📍 Local: CEU das Artes de Valparaíso


Programação:

14:30 🥁 Oficina de percussão com Afro Rum Black – Uma imersão nos ritmos afro-brasileiros.

16:00🎬 Mostras de cinema infantil 

17:00🎬 Mostras de cinema Quilombola

18:00💬 Bate-papo especial com Marta Kalunga – Cineasta e liderança quilombola, trazendo reflexões importantes sobre o Brasil.

19:00 Encerramento!


Uma ótima oportunidade para celebrar a cultura quilombola, o cinema e a música. Não perca!



10 março, 2025

Falem bem ou mal, Mas falem do Cinema Nacional - Carandiru


 

Ao terminar o livro, a vontade de rever o filme de Hector Babenco surge como um ímpeto natural. Quero enxergar na tela as nuances que Drauzio desenhou com palavras. Mas, ao dar o play, percebo algo curioso: o Carandiru.

Enquanto Drauzio, com seu olhar clínico e empático, nos apresenta histórias de indivíduos de presidiários com o distanciamento de quem precisa salvar vidas sem julgar seus pacientes, Babenco nos joga no olho do furacão. O filme não economiza em choques visuais e atuações intensas, condensando personagens e desenvolvendo relatos em uma narrativa mais linear. Se no livro há espaço para a oralidade e o devaneio, no cinema, há urgência e fatalidade.

A diferença mais gritante, porém, não é impacto final. No livro, o massacre do Carandiru se desenha aos poucos, uma tragédia anunciada que chega com o peso da impotência. No filme, a chacina vem como um golpe brutal, quase sem aviso, preenchendo a tela com o sangue de um sistema falido. O espectador não tem tempo para a reflexão serena que o Drauzio-escritor proporciona; é atingido pela violência de forma crua e direta.

Ao terminar o filme, feche os olhos e ouça a voz do médico ecoando em minha memória: "A cadeia é um mundo à parte, com seus próprios leis e sentimentos". A ficção, por mais bem feita que seja, jamais substituirá a complexidade do relato real. Mas talvez seu papel não seja esse. Talvez a força do Carandiru , o filme, esteja nas histórias.

O filme possui mais de 20 anos de lançado, mas vale ser visto sim. 

Fica a dica

Primeiro Festival de Cinema de Valparaíso de Goiás: Prêmio Lobeira Celebra Produções Audiovisuais Locais

 Primeiro Festival de Cinema de Valparaíso de Goiás: Prêmio Lobeira Celebra Produções Audiovisuais Locais

Valparaíso de Goiás se prepara para receber o Primeiro Festival de Cinema PREMIO LOBEIRA, uma iniciativa que promete agitar a cena cultural local. O evento, que será realizado no sábado, 21 de dezembro de 2024, na Secretaria de Cultura da cidade, ocorrerá das 17h às 22h. O festival tem como principal objetivo valorizar as produções audiovisuais feitas com recursos da Lei Paulo Gustavo, oferecendo uma plataforma para cineastas locais e revelando o talento da região.

A entrada para o evento será gratuita, com direito à premiação das melhores obras em diversas categorias, incluindo a Mostra LGBT, a Mostra Pocket, e a Mostra de Videoclipes. O público poderá prestigiar a diversidade de produções e participar de uma verdadeira celebração da cultura local.

Programação:

  • 17h - Abertura: O festival começa com a recepção do público e a abertura oficial das atividades.

  • 18h30 - Mostra LGBT: A programação segue com a exibição de curtas e filmes que celebram a diversidade da comunidade LGBT, proporcionando um espaço de reflexão e expressão.

  • 19h00 - Mostra Pocket: Em sequência, o público poderá conferir os Pocket's, com apresentações de até 2 minutos de produções variadas e criativas.

  • 19h50 - Mostra de Videoclipes: Uma seleção de videoclipes inovadores será exibida, proporcionando uma experiência audiovisual vibrante.

  • 21h00 - Mostra de Cinema: O festival traz uma Mostra de Cinema com filmes de maior duração, explorando diferentes narrativas e estéticas cinematográficas.

  • 22h00 - Cerimônia de Encerramento e Premiação: O evento será encerrado com a entrega dos prêmios para as melhores produções, celebrando os destaques da noite.

Este é um evento imperdível para quem aprecia cinema, arte e cultura. Participe e valorize as produções locais que enriquecem a cultura de Valparaíso de Goiás. Não perca a chance de prestigiar essas incríveis obras audiovisuais e apoiar os artistas da nossa cidade!

Serviço:
Primeiro Festival de Cinema de Valparaíso de Goiás – Prêmio Lobeira
Data: Sábado, 21 de dezembro de 2024
Horário: 17h às 22h
Local: Secretaria de Cultura de Valparaíso de Goiás
Entrada: Gratuita

Venha se encantar com o talento local e vivenciar uma noite de muita cultura e emoção.


12 novembro, 2024

Falem bem ou mal mas falem do cinema nacional - Medida provisória

 


Em tempos de tantas medidas políticas urgentes e fragmentadas, *Medida Provisória*, primeiro filme de Lázaro Ramos como diretor, emerge como um grito de resistência, uma reflexão sobre a identidade, a justiça e a busca por um lugar no mundo. Baseado na peça homônima de Renato Fontana, o filme constrói uma distopia que não parece distante, e ao mesmo tempo, extrapola as fronteiras do medo e da raiva para colocar em jogo as relações humanas em um cenário de violência institucionalizada.

O enredo se passa em um Brasil de futuro próximo, onde uma medida provisória absurda é instaurada: todos os negros do país devem se registrar e deixar o Brasil, ou se sujeitar a serem deslocados para uma espécie de "território próprio", uma segregação racial. O filme, ao adaptar a peça para as telas, acentua o absurdo da proposta com uma sensibilidade muito própria de quem conhece profundamente as feridas do Brasil.

A história se concentra em Antônio (vivido por Alfred Enoch) e sua esposa, a médica Marivalda (Taís Araújo), que vivem o dilema de uma mudança forçada para o exterior, longe da terra natal e das suas raízes. A medida provisória, mesmo que não explicite de forma literal, carrega no seu âmago uma alegoria sobre a histórica e contínua diáspora negra, que nunca teve realmente a chance de repousar sobre sua terra, sua identidade e sua memória.

Em termos cinematográficos, Lázaro Ramos opta por um ritmo envolvente e uma estética que mistura o surreal com o dramático. A fotografia, com tons quentes e escuros, traz um tom de melancolia, mas também de intensidade. As personagens enfrentam o dilema de pertencer e não pertencer ao Brasil, uma sensação que, infelizmente, muitos negros, em diferentes contextos históricos e sociais, já experimentaram em carne e alma.

O filme também não se esquiva de abordar o sistema racista com uma violência disfarçada de “normalidade”. As relações sociais, nesse Brasil distópico, são dominadas pela precariedade de um estado que decide quem pertence a ele e quem não pertence. A sociedade, dividida pela brutalidade das medidas, reflete a própria herança colonial que nunca deixou de existir. O Brasil, com suas múltiplas camadas de exclusão, revela sua face mais crua e ao mesmo tempo, desolada.

O que é notável em *Medida Provisória* é a força de seus personagens centrais. Antônio e Marivalda não são apenas vítimas, mas também são símbolos da luta, da sobrevivência e da resistência. Eles buscam resgatar um espaço que é negado a eles pela própria estrutura social. Em uma das cenas mais tocantes do filme, eles discutem as possibilidades de fuga, de resistência, de adaptação. “Vamos para onde?”, pergunta ela. Ele responde: “Para onde é que a gente sempre foi…?” A questão do exílio, da busca por um lar que nunca foi plenamente conquistado, atravessa o filme com uma intensidade emocional palpável.

Lázaro Ramos não oferece respostas fáceis, mas provoca o espectador a refletir sobre as raízes da nossa história. A "medida provisória" do título é uma metáfora para tudo o que se constrói à margem, para as “leis” que excluem, que tentam apagar a memória e silenciar vozes. O filme se configura, assim, como um convite ao questionamento de quem somos e a quem pertencemos, a um convite para repensar a nossa relação com o outro e com a nossa história.

*Medida Provisória* não é apenas um filme sobre o futuro, mas sobre o que já vivemos, sobre a dor histórica que atravessa gerações, sobre as perguntas ainda sem respostas, sobre o deslocamento — físico e emocional — de uma população que é constantemente desconstruída. A beleza do filme está, então, no modo como ele nos força a olhar para o abismo e perceber que, mesmo no caos da distopia, a luta por um lugar no mundo continua a ser a nossa maior medida provisória.


25 outubro, 2024

Falem bem ou mal, mas falem do cinema nacional - Mussum



Em uma tarde ensolarada, quando a cidade pulsava entre risos e lembranças, assisti ao filme que retrata a vida de Mussum, o icônico membro dos Trapalhões. A tela se iluminou e, de imediato, o ambiente se transformou em um laboratório de nostalgia.

Mussum, com seu jeito irreverente e carisma inconfundível, não apenas fez rir, mas também se tornou um símbolo de um Brasil que, em suas contradições, sempre soube encontrar leveza. O filme, mais do que uma biografia, é um tributo à sua essência: a mistura de humor, cultura e um toque de crítica social, tudo temperado com aquele famoso "cachaça", que, no seu caso, era sinônimo de alegria.

As cenas se desenrolavam como uma boa roda de samba, com ritmos que variavam entre momentos de risadas descontroladas e reflexões profundas sobre a vida de um artista que, apesar das adversidades, sempre buscou o riso como resposta. A infância humilde de Mussum, suas aspirações e sua trajetória até se tornar um ícone foram retratadas de forma sensível, lembrando que por trás do palhaço existe um ser humano com sonhos e desafios.

Os atores que interpretaram Mussum e seus companheiros fizeram um trabalho admirável, capturando a essência do que foi o humor da época. As piadas, os bordões, a famosa gargalhada—tudo estava ali, como um eco do passado que ressoava nas memórias coletivas de uma geração. A risada não era apenas uma resposta ao humor, mas um reconhecimento do papel que Mussum desempenhou na vida de muitos.

No final, enquanto os créditos subiam, senti que o filme não apenas celebrava Mussum, mas também nos lembrava da importância de rir da vida. A mensagem era clara: em tempos difíceis, o humor é uma forma de resistência, e Mussum sempre será um mestre nessa arte. Com um sorriso no rosto, deixei o cinema, pensando que, assim como ele, devemos sempre encontrar espaço para a alegria em nosso cotidiano. E, claro, para uma boa cachaça de vez em quando.

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